jeudi 29 mars 2007

Quando nos tornamos quem não deveriamos ser

Eu sou a prova que os pais podem relaxar. Que todos os esforços que eles fazem para transformar o filho num ser humano bom e respeitavel são, se não vãs, de efeito randômico. (Queridinhos, vocês não tem o menor contrôle sobre o resultado de suas boas ações educativas.)

Meu pai pretendia que nos transformassemos em pessoas que sabiam gerenciar as finanças pessoais. Começamos a ganhar mesada (na verdade, semanada), de valor simbolico, aos, sei lah, seis anos de idade. Como a inflação comia solta e a gente não precisava daquela grana, ele nos incentivou a comprar dolares. Gostamos da idéia e compravamos tipo um dolar por semana. Em duas ocasiões, fomos pros EUA de férias. Meu pai então propunha: no dia da viagem, contariamos o dinheiro que tinhamos economizado e ele nos daria a mesma soma a ser torrada com, no meu caso, adesivos de bichinho, lapis colorido, chiclete de melancia e besteiradas do gênero. (No caso do meu irmão, eram monstros, artigos de magica, ratos de borracha).

Eu economizava. Mas perdia o dinheiro, ou então ele mofava na gaveta. Verdadeiro desastre. Pouco mudei. Ainda perco dinheiro. Ele não mofa porque eu fui obrigada a abrir uma conta no banco e, aparentemente, a gaveta do banco é menos umida. Gasto pouco, ou é o que aparenta. Meu pai me sacaneia me dizendo que vivo uma vida de São Francisco de Padua e chama o meu apartamento de claustro. E mesmo assim o dinheiro desaparece.

(O meu irmão é e sempre foi o rico da familia. Mesmo quando ele ganhava menos que eu, ele era o rico da familia. Ele sempre estava indo pra algum lugar de avião, alugando uma super casa com os amigos pra passar o Reveillon -ele nunca acampa, fazendo nights caras, comprando roupa e sei lah mais o quê. O dinheiro dele sempre serviu pra coisas uteis, jamais para desaparecer.)

Recentemente, descobri que outro dos esforços do meu pai foi por agua abaixo. Nos nunca tivemos televisão. Eles continuam não tendo e eu continuo não tendo. Alias, nem gosto de televisão a não ser para esporadicos jogos de futebol e... NOVELA. E como agora a pessoa pode ver novela no computador, pronto!, virei noveleira*. Acho meio péssimo isso tudo, tento não comentar muito a respeito, rola uma culpa de gastar tempo com isso, me interessar etc (culpa arraigada pelo Julien que acha pooodre-na verdade "pouuuuuurrrri"- essa historia de novela e fica puuuto deu me grudar na telinha pra ver essas meeeeerdes). Mas pronto, confessei. E pra confessar tudo mesmo, eu agora dei pra CHORAR vendo novela. Yes, eu sou daquelas que choram vendo novela.

*eu estou vendo Grey’s Anatomy, season 3; Desperate Housewives, season não sei, mas é a ultima; e jah vi todas as seasons de Alias.

5 commentaires:

bibi move a dit…

ai helena, pelo menos tu estas vendo novela americana, que 'e chique, nao?
eu aqui assistia - vish, j'a at'e esqueci o nome... essa 'ultima em que a Regina Duarte interpretava...Regina Duarte e tinha uma confusao com filhos que eram filhos de outra pessoa, sabe qual 'e?
anyway...Eu tamb'em viviei em series aqui, gosto do Lost, do The Office e o Weeds, que agora est'a de f'etias e que, na minha opiniao tem o melhor texto da tv.

Eu sei porque teu irmao 'e o Rico: ele investiu em m'agica! ele deve ter v'aarios truques secretos de multiplicacao e adicao.

Alan a dit…

Helena, ri lendo o seu texto, pois consegui fazer um paralelo de situações parecidas com os meus irmãos lá em casa.
E antes que eu esqueça, é Desperate Housewives, season 3. Great stuff, isn't it?

Anonyme a dit…

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!!
Chorando por novelas realmente me pegou de surpresa!!!

Nota para Helena, Bibi (acima) e demais leitores: "Magicas" para multiplicacao e adicao: calote em onibus; venda de sanduiche natural que a minha mae me fazia no lanche do colegio; sair com o carro do estacionamento do Barrashopping a cada 29 minutos e reestacionar, pra nao pagar estacionamento (isso quando supostamente estava dando merda fugir sem pagar), calote em estabelecimentos corporativos; entre outras mais criativas e/ou criminosas. Entao as escassas mordomias vinham suadissimas. Rico DCR!
Beijos.

dacosta a dit…

Heleninha,

chorar vendo novela é comédia, n´est pas? A Rê, que também chora vendo novelas, me contou que tem uma técnica pra não chorar. Pressione a ponta da língua no céu-da-boca quando der a vontade, passa automaticamente, ela me disse.
Eu continuo sem ver novelas e tv. Este hábito de não ter tv é recente em minha vida, fazem uns 8 anos. É uma grande mudança. Há um grupo nos eua que estão estimulando às pessoas a verem menos tv.
O problema é que as pessoas são engolidas pela telinha. Cuidado, rs...
Quanto à perda do dindin, comece a mentalizar: dindin multiplique-se!
É possível mudar um padrão, mesmo que seja familiar. bj

Anonyme a dit…

Ai, Fifi, sempre fico com peninha qdo me lembro das suas histórias de perda de dinheiro. Mas não fiquei com peninha de saber que vc CHORA vendo as novelas. Puxou total a mim. E eu nem vejo. Qdo muito esporadicamente me calha um capítulo na frente, que ao menos sei do que se trata, mas há emoção contida, eu choro. É caso de internação em algum lugar. Bjs